Just one pet?

      


Um cachorro, um animal de estimação... É assim que podemos definir aquele que está sempre com você? Com o tempo, ele se torna quase um membro da família e um amor recipocro surge dessa relação, então não dá pra dizer que era apenas um simples animal de estimação.
      Era sempre ele quem me esperava com os olhinhos alegres na porta de casa quando eu chegava da escola, eram sempre aqueles olhinhos pidões que me acompanhavam em todas as refeições, era ao meu lado que ele dormia e até quando eu estava triste era ele quem colocava a cabeça sobre minhas pernas e ficava ali comigo, enquanto eu chorava... Agora ele não está mais aqui.
      Eu sempre imaginei esse momento, sempre soube que uma hora ele chegaria, mas nunca imaginei que seria assim, nunca imaginei que seria tão depressa. Mesmo sendo apenas um animal — e é claro que não era apenas isso — você cria laços com seu bichinho de estimação e ele se torna um membro da família.
      A dor é muito forte, machuca bastante. As fotografias servem para me lembrar de tudo o que tive e que agora não está mais comigo e nunca mais estará... Quando eu entro na área, onde ele costumava dormir, a primeira coisa que faço é olhar para a caminha dele, onde ele costumava dormir, eu sempre fiz isso e antes encontrava um belo cachorrinho muito alegre e sapeca deitado ali e ele sempre levantava os olhinhos e abanava o rabo a me ver chegar... Mas agora, tudo o que restou foi sua cama vazia e muitas memórias...
      Eu sei, eu era bastante insensível e muitas vezes não lhe dei seu devido valor, mas isso também mexeu comigo, também me deixou triste e até arrependida de não ter sido mais legal com ele. As pessoas me perguntam se eu estou bem e a resposta mais sensata seria: Não. Mas a verdade é, de fato, eu não estou bem, mas eu vou ficar. Nada dura para sempre e a dor que fica é a prova disso, afinal essa é a única certeza da vida, a morte. Eu prefiro pensar que a morte é apenas a liberdade pela qual todos lutam em vida, não é o fim, é o começo de alguma coisa que eu ainda não sei o que é, e porque teria que ser diferente com nosso animais?
     
      Lupi, você foi o melhor amigo que eu pude ter, o melhor companheiro e aquele que jamais teria me abandonado, eu sei que se você pudesse teria ficado um pouco mais. A única coisa que lamento é não ter podido me despedir... Queria ter sido uma amiga melhor para você.


Rita Cruz

Reunião de Garotas - e Garotos - Parte II

     Antes de vocês lerem essa história, eu lhes recomendo que leiam:  Reunião de Garotas.  



      Eu sabia que a ideia era estúpida desde o começo, e mesmo assim, resolvi vir com todos aqueles idiotas para esta maldita casa abandonada.
      — Não seja medrosa, Samara — falara Isabella quando eu me recusei a vir. — É apenas uma casa, só isso. O que aconteceu lá há dez anos não vai acontecer novamente.
      E, no entanto, acontecera exatamente a mesma coisa. Não devia ter deixado aquelas palavras me convencerem tão facilmente. Eu estava assustada e pressentia o perigo e não fiz absolutamente nada para impedir que aquele grupo entrasse na casa.
      Éramos 12 no total, 8 garotas e 4 garotos. Melody, Samanta, Kate, Jennifer, Isabella, Alice, Mayara, Guilherme, Martim, Henrique, Leonardo e eu. Todos combinaram de nos encontrarmos em frente à Casa Abandonada às sete horas na noite de sábado. Todos estavam com lanternas e uma mochila com mantimentos. Passaríamos o fim de semana inteiro ali.
      Há exatamente dez anos atrás essa casa fora palco de um terrível assassinato em serie. Oito garotas que estavam reunidas para uma típica reunião de sábado foram assassinadas brutalmente. Ninguém nunca soube o motivo das mortes ou quem as executou. Após o trágico massacre a família que morava no local deixou a casa e ninguém nunca mais soube seu paradeiro. Desde então ninguém jamais ousou entrar na casa. Os vizinhos foram deixando suas casas alegando que eram visitados por um mau espírito que morava na casa. Eu particularmente, nunca acreditei muito nesse tipo de coisa, mas esse local sempre me deixara apreensiva.
      A casa parecia ser mais velha do que realmente era. As portas haviam sido destruídas por cupins e as janelas estavam cheias de ferrugem. O mato era bastante alto no quintal da casa. Tudo parecia fazer parte de um cenário para um filme de terror. Tudo estava bastante desértico.
      — Quem quer fazer as honras? — perguntou Mayara.
      — Pode deixar que eu vou primeiro —falou Henrique tomando a frente de todos e tirando a porta das dobradiças com um chute.
      Ele iluminou o interior da casa com sua lanterna ainda do lado de fora. Ele parecia examinar o local. Depois de alguns instantes em silêncio ele entrou na casa. Todos tiraram suas lanternas da bolsa e entraram na casa em seguida.
      Repetindo o que disse antes: O local parecia cenário de um filme de terror. Toda a mobília que ali presente estava mofado. Os moveis de madeira comidos por insetos e apodrecidos, as paredes estavam negras de mofo e o chão coberto de terra (não apenas poeira, terra mesmo). O cheiro era a pior parte. Era algo parecido com decomposição.
      — E então, quem quer explorar o local? — perguntou Leonardo com uma empolgação doentia na voz.
      — Tô dentro! — respondeu Isabella.
      Eu a odiei por ter topado isso. Eu teria que ir com ela, afinal ela era minha melhor amiga e eu não ficaria ali com os amigos dela, cujos alguns eu nem se quer conhecia direito.
      Eu peguei segurei a minha lanterna com mais força do que o necessário e fui para onde Isabella estava, parando exatamente ao seu lado. Respirei fundo e disse:
      — Eu vou com vocês.
      Mais outras duas pessoas concordaram em ir conosco: Guilherme e Kate. Alice era a melhor amiga de Kate, mas acho que ela não queria fazer parte desse nosso tour pela casa. Nós subimos as escadas, os degraus rangendo a cada novo passo.
      Os outros ficaram no andar de baixo, alguns analisando os quadros na parede e outros vendo os cômodos.
      O corrimão da escada estava gasto e cheio de insetos mortos. Leonardo estava na frente, ele parecia não temer nada. Claro que não havia o que temer, afinal era apenas uma casa. Certo? Errado. Todo aquele local despertava em mim uma sensação estranha, como alguma espécie de premonição.
      Ao chegarmos ao topo da escada nos deparamos com um pequeno corredor que levava aos quartos assim eu supus.
      — Vem comigo — falou Isabella me puxando pelo pulso até um dos quartos.
      O local ainda parecia estar da mesma forma que fora deixado há uns 10 nos atrás. Havia um criado mudo com um abajur e na cama parecia haver coisa embaixo dos lençóis que já deveriam ter sido brancos. Algo em uma cor marrom cobria o lençol. Eu caminhei até lá e puxei o lençol, havia alguns travesseiros cobertos com o mesmo liquido marrom que o lençol. Isso não parecia fazer sentido. Acima da cabeceira havia uma folha de caderno. Iluminei com a lanterna e li o que estava escrito.

 


      — E a lâmina beijou seu pescoço. Um beijo mortal — li novamente em voz alta, sem me lembrar que não estava sozinha no quarto.
      — O que você disse? —perguntou Isabella.
      — Era o que estava escrito aqui —apontei o local com a lanterna. — Não parece fazer muito sentido.
      Isabella leu a folha várias vezes, talvez estivesse tentando achar algum sentido naquelas palavras, mas assim como eu, não os encontrou. Foi então que ouvimos o primeiro grito. Havia vindo do quarto ao lado, corremos para lá para ver o que havia acontecido.
      Fora Leonardo quem gritara, ele estava na porta no quarto imóvel, estupefato. Eu iluminei o local com a minha lanterna. Isabella gritou ao meu lado. Eu estava entorpecida demais para conseguir gritar.
      A cena que meus olhos viam era horrível: Guilherme fora enforcado com uma corda negra que estava presa ao telhado. Então ouvimos o segundo grito, dessa vez vindo do andar debaixo. Eu corri para lá, e ouvi passos atrás de mim. Isabella e Leonardo também haviam acordado de seu transe.
      Samanta estava chorando, dava para ver o pavor em seus olhos. A maioria estava reunida na cozinha, eu entrei no local temendo ver o que imaginava que veria. Havia mais um corpo pendurado no teto, era Alice. Kate gritou e seu grito em seguido tornou-se um lamento profundo pela amiga e seu choro tornou-se desesperado.
      Melody correu até a porta, que incrivelmente estava de volta ao seu lugar. Ela tentou puxá-la para abrir, mas nada aconteceu. Henrique foi até lá e chutou a porta novamente, uma, duas, três vezes e nada aconteceu.
      — Mas que porra é essa! — bradou ele.
      Todos começaram a se desesperar, alguns apenas choravam outros xingavam e alguns procuravam outras saídas. Nada disso levaria a algum lugar.
      — Eu sabia que isso era uma má ideia — reclamou Samanta.
      — Eu devia ter ficado em casa — falou Mayara.
      — Ela não merecia um fim tão terrível assim — chorou Kate.
      Claro que todo aquele lamento e arrependimento não nos tiraria daqui. Não havia ninguém racional nesta casa? Claro que não. Todos estavam tomados pelo desespero e angustia. Alguém precisava fazer alguma coisa. Com desespero não encontraríamos nenhuma solução.
      — Por Deus fiquem quietos! — gritei. Todos se calaram e me encararam simultaneamente. — Vocês não vêm que nada disso vai ajudar? Precisamos ser racionais e encontrar uma solução, e não nos deixarmos sermos tomados pelo desespero.
      — E o que você pretende fazer, Einstein? — zombou Martin.
      — Encontrar respostas, primeiramente — respondi. — Deve ter alguma pista nessa casa.
      — A Samara tem razão — concordou Henrique — precisamos encontrar algo que nos ajude a entender o que está acontecendo.
      — Podemos nos dividir em dois grupos e procurar algumas pistas — falou Leonardo.
      — Sim, mas é importante que ninguém fique sozinho. Isso pode ser arriscado — falei e todos assentiram.
      Depois de algum tempo os grupos foram divididos da seguinte forma: Grupo 01: Mayara, Melody, Jennifer, Samanta e Henrique. Grupo 02: Kate, Martim, Isabella, Leonardo e eu.
      O Grupo 01 ficou no andar debaixo e nós, do Grupo 02, fomos para o andar de cima. Subir aquelas escadas novamente me fez ficar um pouco nauseada. Todos pareciam um pouco apreensivos.
      Kate, Isabella e eu fomos para o quarto onde eu havia encontrado aquele bilhete esquisito com nomes riscados. Martim e Leonardo foram para o quarto onde Guilherme havia sido morto.
      Eu fui examinar a cômoda ao lado da cama. Havia um enorme espelho em cima dela e maquiagem. Quem dormia aqui devia ser alguém muito vaidosa. Não havia nada ali. Eu tirei as roupas intimas da gaveta e as joguei no chão, havia uma espécie de diário ali. Eu abri em uma das páginas aleatoriamente.


                                                                   26/03/2011
Estou tão cansada das pessoas me dizendo o que fazer de todos tentarem controlar a minha vida, estou farta das pessoas fingirem que se importam. Ninguém se importa, ninguém pode me ver enquanto sangro, ninguém me estendeu a mão enquanto eu caia, mas eu juro que farei cada um deles pagar por isso. Cada um, todos irão conhecer o gosto amargo de ter suas vidas arrancadas. Eu juro!


Havia uma gota de sangue embaixo da folha. Abri a contra capa do diário e li o nome ali escrito: Cássia. Era o nome da antiga moradora da casa. Ela havia escrito isso há dez anos, no ano do massacre. Eu ergui a cabeça e vi pelo reflexo do espelho uma sombra aproximar-se de Kate.
      — Kate, cuidado! — gritei, mas já era tarde demais.
      Sua garganta havia sido cortada e a sombra havia desaparecido deixando apenas uma frase grafada no chão, com o sangue de Kate. Tudo isso havia acontecido rápido demais.


E a lâmina beijou seu pescoço, um beijo mortal.


Então era isso que aquelas palavras queriam dizer, era assim que as garotas haviam sido assassinadas. Mas isso ainda não fazia sentido. E as palavras no diário? Se a Cássia queria se vingar porque ela também estava morta? Fora ela quem matara suas amigas? Isso parecia tão doentio.
      Outro grito, vindo do quarto ao lado. Corri até lá e presenciei outra cena lamentável: Leonardo caído ao chão em uma poça com seu próprio sangue. Havia um corte em sua garganta e a mesma frase escrita no chão.
      — Mais duas mortes e ainda não descobrimos nada! — gritou Isabella ao meu lado.
      Foi então que eu me lembrei do diário em minha mão. Eu abri na pagina correspondente ao dia do massacre. Dia 07/05/2011. Fora o ultimo dia que ela escrevera em seu diário.


07/05/2011
Hoje é o dia, o dia que colocarei em prática todo o que venho planejando há meses, o dia em que me vingarei de todos aqueles que simplesmente ignoraram quando eu clamei por socorro. Um a um, cada um deles vai cair tão fundo assim como eu cai, vão conhecer as mesmas dores que eu conheci, irão sofrer uma morte terrível e lamentar por terem pisado em mim. Hoje todas elas vão morrer!


Cássia tinha uma mente muito doentia. E sim, fora ela a autora dos assassinatos, mas porque ela estava morta também? Essa era a parte que não fazia sentido. Mas eu não tinha tempo para tentar descobrir isso, outras duas pessoas haviam morrido e nosso estava se esgotando.
      — O que você descobriu? — perguntou Martim.
      — Que quem matou todas foi a Cássia — comecei. — Ela planejou tudo. A única coisa que eu não entendo é porque ela se matou no final.
      — Você acha que ela se matou? — perguntou Isabella.
      — Não consigo imaginar outra explicação.
      Nós três descemos as escadas e nos deparamos com todos em volta de mais um corpo. Era Melody. Ela estava apenas com seu sutiã e seu short jeans preto. Havia algo escrito em sua barriga.

Até meia noite, todos vocês irao morrer!

Um arrepio percorreu minha espinha após eu ler aquelas palavras.
      — 22:12 — falou Henrique após conferir seu relógio de pulso.
      Tínhamos apenas algumas horas para tentar descobrir o que estava acontecendo e estávamos realmente longe de descobrirmos. A única coisa que sabíamos era que Cássia havia matado todas as suas amigas.
      — O que nós vamos fazer agora? — perguntou Samanta, aos prantos.
      — Eu não sei — respondi, tentando poder acreditar em alguma coisa. — Podemos ficar juntos e tentar continuar vivos. Temos pouco menos que duas horas para fazer isso.
      — Já tentamos fazer isso e de nada adiantou! — bradou Mayara.
      — O melhor que podemos fazer agora é manter a calma — falou Henrique, apoiando-me. — Todo esse desespero não vai levar a nada.
      — Vá pro inferno com a sua calma! — gritou novamente Mayara. — Eu vou sair daqui, custe o que custar.
      Ela foi até a porta e começou a puxá-la, sem resultados. Após um cinco minutos nesse agonizante desespero ela finalmente desistiu e despencou no chão, chorando.
      — Tem que haver alguma coisa que possamos fazer — falou Mayara, soluçando.
      — Ainda podemos lutar — respondi
      — Contra um inimigo invisível? — falou Jennifer, cheia de sarcasmo. — Você vai longe nessa sua luta.
      — Podemos ao menos tentar — falei. — Não vamos perder nada se o fizermos.
      — E o que você planeja fazer? — perguntou Martim.
      — Eu li alguns livros de ocultismo e sei como chamar um fantasma — respondi.
      O som de gargalhadas ecoou na sala. Claro que eles achariam essa história absurda, até a algumas horas atrás eu também achava.  Claro que eu já vira coisas estranhas o suficiente por uma noite para começar a acreditar em espíritos maus e fantasmas. Todas as histórias são reais. Aprendi isso da pior maneira possível.
      — Você é louca! — bradou Mayara novamente. — Eu vou sair daqui, não vou virar vítima de nenhum assassino maluco ou participar de um culto esquisito.
      Ela levantou-se e voltou-se para a porta novamente e antes que sua mão pudesse alcançar a maçaneta uma lança metálica surgiu da porta, atravessando-a e acertando em cheio o peito de Mayara. Seu sangue respingou nas paredes e até acertou o rosto de Samanta que estava próxima a ela. Vários gritos ecoaram no local.
      Eu permaneci imóvel, assistindo a tudo imóvel. Estava em choque. Era incrível como isso ainda podia me afetar, mesmo depois de tudo o que eu vira aqui, depois de tudo pelo que passei.
      — Vocês acharam que seria tão fácil assim saírem da minha casa? — falou uma voz estranha vinda do outro lado da porta. Não parecia fantasmagórica ou mesmo demoníaca, era apenas assustadora. — Eu tenho até meia noite para me divertir com vocês. Até lá, vocês serão todinhos meus!
      E um silencio mortal tomou conta da sala quando a luz desapareceu. Todos pareciam abalados com as palavras da voz misteriosa. Isso já estava se tornando um jogo terrível.
      — E o que você sugere agora, caça-fantasmas? —perguntou Jennifer, cheia de sarcasmo.
      — Ainda podemos chamar o fantasma de Cássia para o local e tentar prendê-la. Teremos apenas uma chance, pois se ela escapar poderá matar todos nós.
      — Vamos morrer mesmo de um jeito ou de outro — falou Jennifer, dando de ombros. — Que alternativa temos?
      — Do que nós precisamos? — perguntou Henrique.
      — Primeiramente de algo para prepararmos tudo — comecei. — Precisamos de água benta, de algo que pertenceu a Cássia — falei, mostrando o diário —, de fogo e o mais importante: do sangue de uma virgem.
      Todos os olhares femininos daquela sala voltaram-se para mim. O sangue de todas ali seria puro o bastante para prender a Cássia por um bom tempo.
      — Tudo bem — falou Samanta — eu cuido dessa parte.
      — Ótimo. Então Henrique, faça uma fogueira e Jennifer encontre uma bacia.
      Todos fizeram suas respectivas tarefas e eu realizei o ritual. Ao terminar joguei tudo na fogueira e um circulo de fogo formou-se no local. Mas nenhum fantasma apareceu.
      — Devo admitir que fiquei impressionada — falou Jennifer. — Mas é só isso? E onde está a parte em que o fantasma fica preso e todos estamos livres?
      — Quer dizer que eu deixei você fazer um corte horrível na minha pele pra nada? — indignou-se Samanta.
      Eu não estava entendendo. Ela deveria ter aparecido no centro, ficado presa ali. Mas porque não ficou? O que aconteceu de errado?
     — Eu não entendo — falei encarando o fogo diante de mim e o centro do circulo vazio. — Era pra ela estar aqui.
      — Mas não está! — gritou Samanta. — E o que vai acontecer agora? Vamos todos morrer? É isso?
      — Devemos manter a calma e tentar encontrar outra solução — falou Martim colocando as mãos nos ombros de Samanta.
      — Eu vou até o banheiro — falei já sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos.
      Peguei minha lanterna e corri até o banheiro. Eu fora tola e insana, devia imaginar que isso jamais daria certo, eu só os fizera perder um tempo precioso. E agora? O que eu vou fazer? Existem tantas pessoas que querem ter visões e salvar pessoas, querendo ter um contato com alguma coisa sobrenatural, mas eu não. Não eu.
      Eu ergui minha cabeça para o espelho. A lanterna projetava uma sombra estranha atrás de mim. Fiquei encarando a sombra por alguns segundos até perceber que ela não era minha. Pulei de susto quando a sombra começou a falar.
      — Por favor, não tenha medo — falou a sombra de uma forma doce. — Eu estive esperando por esse momento há muito tempo, estive esperando pela sua vinda. Estive esperando por você.
      —Por mim? —perguntei, sobressaltada.
      — Sim, por você. Há dez anos eu espero para ser liberta, espero por alguém que ponha fim nessa maldição, para que eu possa finalmente descansar. Estive esperando por alguém que realmente possa matar Cássia.
      E de repente tudo aquilo fez sentido para mim. Tudo finalmente se encaixou, todos os detalhes, todas as coisas que vinham acontecendo. Não fora por acaso que eu encontrara o diário, não fora por acaso que o ritual para chamar o fantasma de Cássia dera errado. Desde o momento em que cheguei aqui, toda aquela intuição de que havia algo maligno aqui fazia sentido agora. Fora Isla, ela me ajudara desde o começo e estava presa em uma maldição.
      Eu olhei para o espelho e pude ver tudo o que acontecera naquele dia, há dez anos. Vi todas as mortes e vi como Isla tentara acabar com Cássia. Sim, as duas haviam morrido, mas seus espíritos jamais puderam descansar. Uma escolha prendera as duas aqui para sempre.
      — Ela se recusava a partir — começou a explicar o fantasma de Isla —, não queria abandonar esse mundo, não queria descansar. Eu sabia que se ela ficasse coisas horríveis iriam acontecer então eu fiquei aqui, para proteger todos aqueles que entrassem na casa, para protegê-los da forma que não pude proteger minha irmã e minha melhor amiga. Tudo estaria bem, contanto que ninguém entrasse na casa, então eu comecei a assombrar os vizinhos para que fossem embora e por 9 anos tudo ficou bem, até que vocês apareceram. Eu tentei impedi-los de entrar, tentei alertá-los colocando aqueles pressentimentos em sua cabeça, mas não adiantou.
      Eu tentei processar toda aquela informação, mas era coisa demais. Absorvi o máximo que pude e então disse:
      — Você disse que eu poderia por fim na maldição... Mas como eu posso fazer isso?
      — Isso eu não posso lhe dizer. A única coisa que posso lhe falar é que a resposta está dentro de você.
      E ela desapareceu da mesma forma que apareceu: misteriosamente. Mas isso é porque ela é um fantasma. Pensei. E ela tinha que se despedir com uma frase tão clichê quanto essa? “A resposta está dentro de você” e o que isso queria dizer afinal? Que se eu escutasse meu coração eu conseguiria matar um fantasma? Isso tudo parecia a coisa mais idiota que já escutara na vida.
      Eu voltei para a sala e todos ainda estavam reunidos no local. Todos pareciam mais calmos agora. Mas ainda estavam apreensivos.
      — Algum novo plano genial? — perguntou Jennifer.
      — Nenhum — falei brandamente.
      Martim caminhou até o lado de Jennifer e colocou as mãos em seus ombros.
      — Não seja tão dura com ela — falou ele suavemente —, ela fez o melhor que pôde, ninguém poderia imaginar que daria errado.
      Samanta levantou-se e caminhou até a porta.
      — Isso tudo está acabando comigo! — gritou ela e em seguida chutou a parede ao lado da porta.
      No instante seguinte tudo pareceu se passar como um flash. O teto sobre a cabeça de Samanta despencou, esmagando-a e um pedaço de concreto acertou o espelho da parede oposta fazendo vários cacos afiados se espalharam, voando em todas as direções. Martim jogou-se no chão levando Jennifer com ele para evitarem os vidros afiados. Vários pedaços de vidro acertaram Isabella que estava próxima a escada. Alguns pedaços transpassaram por seu pescoço, acertando-lhe a artéria.
      Eu assisti a tudo, estupefata, próxima a entrada da cozinha, onde estava a salvo dos vidros e do desmoronamento. Henrique estava próximo a mim. Sua expressão exibia medo e espanto. Tudo acontecera rápido demais.
      Eu fora tirada de meus devaneios pelos pavorosos gritos de dor de Jennifer. Ela estava realmente muito ferida. Sua mão estava repousada sobre a perna direita. Por favor, que não seja nada grave demais, falei para mim mesma, um pedido secreto a forças invisíveis.
      Eu me aproximei dela e examinei o corte. Sangrava bastante. Não fora profundo demais para causar algum sério dano, mas fora grande o bastante para deixar uma infecção se não fosse tratado e causar muita dor.
      — Tira a camisa — falei para Henrique, mais como uma ordem que como um pedido.
      — Tá brincando né? — protestou ele.
      Eu apenas o encarei em silêncio.
      — Está bem — falou ele tirando a camisa.
      Eu peguei a camisa e rasguei um pedaço grande o suficiente para fazer um torniquete. Eu amarrei na perna de Jennifer, um pouco acima do corte. Isso impediria uma grande hemorragia até podermos procurar por ajuda.
      — O que vamos fazer agora? — perguntou Martim.
      — Eu preciso encontrar esse maldito fantasma! —bradei — Vocês deveriam tentar escapar.
      — De jeito nenhum! — falou Henrique. —Eu vou com você.
      — É arriscado demais, e precisamos de toda a ajuda possível para tirar a Jennifer daqui.
      —Não vamos conseguir sair daqui, a menos que essa maldita fantasma esteja morta! Você não tem outra opção.
      No mesmo instante em que ele disse isso, a porta de entrada abriu-se com um baque.
      — Olá queridos! — falou uma forma sombria vinda do espaço aberto, ela usava preto e sua voz soava um pouco rouca. Era Cássia. — Agora a diversão vai começar!
      — Meu Deus! — falou Jennifer, também reconhecendo o fantasma.
      — Pode chamá-lo o quanto quiser, mas ele não poderá salvá-los — falou a Cássia fantasma com um sorriso maligno no rosto.
      — O que você quer? — perguntou Martim.
      — Apenas me divertir um pouquinho.
      Eu ouvi Henrique gritar e vi um arranhão em seu peito. Fora Cássia quem fizera isso? Mas como? Então a resposta formou-se em minha mente: Ela não era apenas um fantasma, tinha um demônio em sua alma, o que a tornava tão poderosa.
      — Ah qual é? — reclamou ela. — Não tem a menor graça se vocês não tentarem me matar.
      Martim levantou-se e pegou uma estaca de madeira que estava no chão. De onde ela viera? Ele a segurou firmemente na mão e caminhou na direção de Cássia.
      — Isso está cada vez mais divertido!
      Martim tentou acertá-la com a lança, mas é claro que não acertou. Ela fez a lança sair de suas mãos — sem nem ao menos tocá-la — e eu a vi vindo em minha direção. Estava rápido demais para tentar desviar. Era o meu fim. Eu fechei os olhos. Eu esperei pela dor, mas ela não veio, então abri os olhos e vi Henrique caído diante de mim. Tudo acontecera muito rápido.
      A lança transpassara seu peito. Ele havia mesmo se sacrificado por mim, para me salvar? Isso tudo me tocou de uma forma estranha e ao mesmo tempo profunda. Ele morrera por mim. Isso não estava certo. De repente, uma forte raiva tomou conta de mim e antes que eu percebesse comecei a caminhar na direção de Cássia. Um ruivo de raiva passava pela minha garganta. A raiva era a única coisa que eu sentia no momento.
      Sem saber bem o motivo, eu aperto o pescoço de Cássia e ela não reage. Ela começa a retorcer-se de dor ao ser estrangulada e quando seu ar se acaba ela explode em um chama negra.
      — Então acabou? — perguntou Martim — É só isso?
      Fora fácil demais, e eu já assistira filmes de terror o bastante para saber que os vilões nunca morrem assim tão fácil.
      — Mas esse é mesmo o fim — falou uma voz familiar. Era o fantasma de Isla.
      Ela estava vestida com um vestido braço e seus pés não tocavam o chão. Ela estava envolta por uma luz ressonante que parecia divina. Aquela visão era tão sublime.
      — Acabou. Você me libertou e mandou Cássia para seu descanso eterno, não em paz, mas agora todos estão livres.
      E ela desapareceu na luz que a envolvia. Acabou? É mesmo o fim? Tudo parecia tão surreal agora, mas no fundo fazia algum sentido: “A resposta está dentro de você” fora o que Isla falara e a raiva que estava dentro de mim me fizera conseguir matar Cássia, por mais estranho que tudo parecesse, fazia sentido.
      — Estamos livres, podemos ir agora — falou Jennifer e Martim a ajudou a levantar.
      Nós dois a ajudamos a caminhar para fora daquela casa. Estava tudo acabado, afinal. Por mais que eu sentisse dor pelas pessoas que haviam morrido ali, estava aliviada por poder sair daquele local.
      Nós três meses seguintes, Jennifer, Martim e eu ficamos muito próximos, éramos muito amigos. Nada melhor que situações extremas para unir as pessoas.
      Estávamos no cinema de um shopping assistindo a um filme de terror. Fomos para a praça de alimentação em seguida e na mesa que nos sentamos eu vi uma mensagem escrita, com o que parecia ser ketchup:  “E a lâmina beijou seu pescoço...” Jennifer, Martim e eu trocamos um olhar assustado.
      Será que havia mesmo acabado?


Personagens:
Mayara     - Mayara
Isla           - Melody
Ana          - Alice

Lorrane    - Kate
Débora    -  Jennifer
Sara         - Samanta
Karine      - Isabella
Samara      - Samara

Maciano    - Martim
Douglas    - Guilherme
Antônio    - Henrique
Leonardo - Leonardo



Rita Cruz


Prazer e Morte

E
ra fim de tarde, estávamos no mês de julho. O sol ardia intensamente sob minhas costas nuas, mas o que mais me deixava apreensiva era saber para onde estava caminhando. Indo em direção a casa de Felipe.
      Eu havia terminado com meu namorado uma semana antes de conhecê-lo e eu sabia que nossa relação não seria duradoura, mas no fundo, isso não me importava nem um pouco.
      Nós nos conhecemos em uma festa na casa do meu cunhado. Ele estava tomando uma cerveja com alguns amigos. Seu cabelo espetado foi o que mais me chamou a atenção, ele era alto (1:80 talvez) e sua pele branca era bronzeada. Seu sorriso brilhava intensamente. Eu estava completamente atraída por ele.
      Ele olhou para mim, eu não desviei o olhar e ele sustentou meu olhar. Ficamos nos encarando por pelo menos 30 segundos até minha irmã vir falar comigo.
      — Gostou dele? —perguntou ela sem tentar desviar o assunto.
      Ela é bem mais velha que eu, mas sempre agiu mais como uma amiga louca que como uma irmã mais velha chata.
      — Ele é bonito — falei e lancei um olhar para ele. Ele ainda me encarava. — Quem é ele?
      — É sobrinho da vizinha do Junior — respondeu ela também olhando para o rapaz.
      Junior era o namorado dela, eles estavam juntos há muito tempo. Eu adorava ver os dois juntos, por mais que o Junior não fosse bonito fisicamente, eles formavam um belo casal. E gostavam muito um do outro.
      — Ele vai passar as férias aqui — continuou ela. — Quer que os apresente?
      — Quero — falei e nós caminhamos na direção dele.
      Ele voltou-se para minha irmã quando nos aproximamos. Ele colocou sua garrafa de cerveja na mesa e estendeu a mão direita para ela.
      — Oi Felipe, essa aqui é minha irmã, Rachel — falou ela.
      Ele pegou minha mão e a beijou. Eu amei isso. Achei muito fofo, de verdade.
      — É um prazer conhecê-la Rachel.
      Minha irmã nos deixou sozinhos, nós fomos até a rua, para que pudéssemos conversar mais à vontade. Nós falamos sobre nossas famílias, sobre nossas preferências e nossos gostos musicais — que eram bem diferentes, ele curtia sertanejo e eu rock.
      Nós ficamos pela primeira vez naquela noite. E depois no dia seguinte, e no outro e no terceiro dia nós saímos juntos para ir ao cinema. Nós ficamos novamente, várias vezes naquele dia, e por mais que eu quisesse continuar a vê-lo eu sabia que não poderia, em dois dias eu voltaria para casa e na semana seguinte ele voltaria para São Paulo.
      Eu estava disposta a fazer uma coisa para que os dois não esquecessem um do outro. Ele era sensível, gentil, experiente e eu me sentia preparada para dar esse passo. Era o que eu queria, e estava disposta a fazer.
      E de volta ao começo da historia: estava caminhando em direção a casa de Felipe, ele estaria sozinho em casa, seria o momento perfeito.
      Eu estava usando uma blusa vermelha de costas nua e uma mini saia jeans. Eu detestava usar saia, mas queria ficar um pouco mais provocante, e eu sabia que ele achava minhas pernas incrivelmente brancas lindas.
      Eu toquei a campanhinha da casa dele — ou melhor, da tia dele — e ele veio receber-me no portão alguns segundo depois. Ele não estava arrumado, estava com as roupas de casa, estava usando uma bermuda azul — jamais conseguirei esquecer essa cor — e uma camiseta branca. Ele me cumprimentou com um beijo.
      — O que você está fazendo aqui — perguntou ele, tentando não deixar a pergunta soar rude.
      — Só queria te ver — falei, tentando usar um tom sedutor.
      Ele abraçou minha cintura e nós entramos. Como eu imaginava não havia ninguém no local. Ele estava assistindo a um filme — cujo nome eu não me lembro, isso não me interessava naquele momento — Eu me sentei no sofá ao lado dele e apoiei a cabeça em seu ombro, ele apoiou a mão em minha barriga.
      Meu coração batia forte o bastante para eu me perguntar se ele poderia ouvir. Eu sabia o que eu queria e sabia que também o deixava excitado. Ele me beijou e eu passei a mão por seu pescoço.
      Ao termino do beijo, nós nos sentamos diante um do outro, nenhum dos dois falou uma palavra, nossos corpos se comunicavam, um ansiando pelo outro. Nós nos beijamos novamente, mais intensamente dessa vez. Os toques dele eram mais ousados agora. Ele tocava minhas pernas nuas, meus seios, meu pescoço. Era impossível resistir agora.
      Minha respiração estava um pouco ofegante e meu coração batia rápido demais. Meu corpo já estava começando a trabalhar, preparando-me para o que viria a seguir.
      Nós fomos para o quarto e nossos beijos tornaram-se ainda mais intensos. Nós nos despimos. Eu tinha a impressão de que tudo estava acontecendo rápido demais. Mas eu já fora longe o bastante para não poder voltar atrás. Estávamos tomados pelo desejo, não havia mais volta.
      Ele pegou uma camisinha em seu criado mudo e a colocou em seu membro ereto. Eu observei a tudo e depois ele deitou-se sobre meu corpo. Não havia mais volta, agora, não mais.
      — Se eu te machucar, você me avisa, ok? — falou ele suavemente.
      Eu concordei com a cabeça.
      Claro que ele sabia que eu era virgem, mas o que ele não sabia era que eu tinha apenas 14 anos. Sempre aparentei ser um pouco mais velha e sempre mentia minha idade ao conhecer um garoto.
      Ele penetrou-me. Não foi algo que eu realmente tenha gostado, na verdade eu não esperava que não gostasse. A dor não era tão intensa, lembrava a dor dos cortes que eu fazia em meu corpo, ardia um pouco, mas no fundo era uma dor aceitável.
      Eu lutava para manter minha respiração instável, não queria correr o risco de ser ouvida, afinal o meu cunhado morava na casa ao lado. Eu tentei não gritar, tentei não deixar nenhum gemido escapar. Eu fechei minhas mãos em punhos e deixei as unhas perfurarem a pele. Doeu, e isso me fez conseguir esquecer a outra dor.
      A sensação de êxtase ao final parecia ser o bastante para fazê-lo sentir-se realizado, para mim não foi o bastante, mas fora bom, mais do que eu imaginava, tirando a dor chata que não me incomodava tanto pelo fato de eu gostar da dor. Sangrou um pouco, mas não muito. Apenas o suficiente para deixar algumas gotas de sangue no cocha da cama.       
      Eu queria poder dizer que essa foi um das melhores experiências da minha vida, mas não foi bem assim. Ele não fora agressivo ou impetuoso, ele fora gentil e sensível o tempo todo, sempre se preocupando comigo. Acho que foi isso que fez eu me sentir atraída por ele. Mas não foi algo que eu realmente devesse ter feito.
      Fora uma sensação maravilhosa de prazer, mas eu me arrependera por ter me entregado a um cara por quem eu não sentisse nada além de atração física, mas agora isso não me importa mais. Isso me tornou mais forte e madura.
      Depois disso eu descobri como manipular as mentes masculinas e como usar meu corpo para seduzi-los e atraí-los para uma armadilha mortal. Eu ainda posso aparentar ser uma garota frágil e sensível, mas posso usar isso para fazer desses seres inferiores minhas vitimas. Eu descobri um prazer ainda maior que o sexo, isso é apenas um aperitivo para o que vem depois.
      Estou agora diante da casa de um garoto que acabei de conhecer na escola, ele sabe que vai conseguir transar comigo, o que não sabe é que isso terá um alto preço para ele depois. Eu cobrarei com sangue.
      Ele vem em minha direção alegremente, exibe um sorriso triunfante no rosto. Não posso deixar de sorrir ao imaginar a cena em que verei depois de senti-lo dentro de mim. Será prazeroso matá-lo.
      Nós vamos direto para o quarto. Eu tenho tudo o que preciso na bolsa que trago comigo: cordas, algemas, um chicote e uma lingerie de gata por baixo da roupa. Minha maquiagem está bem carregada nos olhos.
      — Deita — falo, sutilmente.
      Ele obedece e eu o algemo da cabeceira da cama. Eu tiro as roupas dele e em seguida as minhas. Será algo fácil e divertido. Eu tiro da bolsa o chicote e começo a marcar seu peito. Ele grita de dor e isso me deixa um pouco excitada. Será mais divertido ainda quando ele estiver gritando de dor em seus instantes finais.
      Nós transamos e após o primeiro orgasmo eu cravo uma adaga de prata em seu coração. Eu observo o sangue jorrar e delicio-me daquele momento. Mais uma vítima, apenas mais um garoto cuja mente fora influenciada.
      Eu deixo a casa e ao sair policiais me algemam. Fora bom ser livre para cometer delitos por um tempo, mas agora tudo isso acabara. Eu descobrira o sexo e a sensação maravilhosa de êxtase e usara o que os garotos sempre queriam contra eles, eu me vingara de alguns garotos superficiais e metidos a “gostosões” por todas as garotas que eles já haviam machucado por toda a dor que já haviam causado, agora eu poderia realmente descansar.
      Eu peguei um comprimido e o ingeri. Dentro de alguns minutos minha existência findaria. Mas ao menos eu mandara para o inferno alguns garotos que realmente mereciam viver lá.


Rita Cruz







Farewell


Porque um adeus dói tanto? Porque essa palavra tão amarga tem que ser pronunciada? Eternamente significa que jamais teria um fim, não é? Então por quê?
As pessoas dizem o tempo todo que tudo o que é bom dura pouco, mas tem que ser sempre assim? Não poderia haver uma exceção? Algo tão doce não deveria deixar um gosto tão amargo...
E tudo o que fica depois são as lembranças, e isso é o que dói mais. Ter algo para lembrar e lamentar pelo que já teve e não terá mais... É, realmente nada dura para sempre.

“Nunca pensei que esse dia chegaria tão depressa”
Our Farewell Within Temptation


Rita Cruz

Amigos



Amigos, sim esses são realmente especiais, são capazes de fazer você sorrir mesmo nos momentos mais difíceis, quando todos te empurram pra baixo e pisam em você eles são os únicos que lhe estendem a mão.
Antes eu não acreditava em amor, tesouros invisíveis ou sentimentos bonitos, mas agora eu percebo como estava sendo tola e que existe sim amor e que sentimentos são bonitos. Eu não preciso ser amada por um garoto para saber disso, eu sou amada por pessoas mais importantes, tenho aqueles que realmente se importam ao meu lado e às vezes sou tola o bastante para não enxergar isso...
Queria dizer apenas o quanto sou grata a vocês, meus amigos, por 

sempre fazerem uma luzinha brilhar quando meu caminho está escuro.


Rita Cruz

Angel



Sparkly angel, where are you? Did you forget me? I’m still waiting for my savior, my angel. But it’s so hard to believe and I’m tired. I’m so tired. All my agony and pain are consuming me and I can’t make anything, nothing beyond watch. What can I do? Tell me, because I don’t know. Why is it so hard? I always look the people smile and it seems very easy, but I think that these smiles are fake. The real happiness is in the soul, deep inside, locked in our hearts. But if it is true I can’t believe in the happiness. A demon without heart can’t be happy.




Rita Cruz

Snow White Queen



Palavras são capazes de ferir uma alma mais que qualquer outra coisa... Uma única palavra, um simples verbo pode ser capaz de fazer você desejar morrer; fazer seu coração tornar-se pesado demais para caber em seu peito...
Eu jamais imaginei que um dia chegaria a ouvir essas palavras, jamais imaginei que detestaria ouvi-las... Eu jamais imaginei que odiaria sentir suas mãos tocando minha pele, como isso me causa repulsa agora. Como eu queria ter tido forças para matá-lo...  Sim, derramar seu sangue. Teria sido melhor.
É estranho eu me sentir tão culpada por uma coisa que não foi causada por mim. Eu me odeio por isso. Odeio meu reflexo no espelho, odeio ter esse rosto...
Eu sei, nada soou muito coerente, mas é exatamente assim que eu me sinto. Confusa.

“Você nunca saberá o jeito que suas palavras me assombraram
Eu não posso acreditar que você pediria essas coisas a mim”
Snow White Queen - Evanescence




Rita Cruz
 

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