Prazer e Morte

E
ra fim de tarde, estávamos no mês de julho. O sol ardia intensamente sob minhas costas nuas, mas o que mais me deixava apreensiva era saber para onde estava caminhando. Indo em direção a casa de Felipe.
      Eu havia terminado com meu namorado uma semana antes de conhecê-lo e eu sabia que nossa relação não seria duradoura, mas no fundo, isso não me importava nem um pouco.
      Nós nos conhecemos em uma festa na casa do meu cunhado. Ele estava tomando uma cerveja com alguns amigos. Seu cabelo espetado foi o que mais me chamou a atenção, ele era alto (1:80 talvez) e sua pele branca era bronzeada. Seu sorriso brilhava intensamente. Eu estava completamente atraída por ele.
      Ele olhou para mim, eu não desviei o olhar e ele sustentou meu olhar. Ficamos nos encarando por pelo menos 30 segundos até minha irmã vir falar comigo.
      — Gostou dele? —perguntou ela sem tentar desviar o assunto.
      Ela é bem mais velha que eu, mas sempre agiu mais como uma amiga louca que como uma irmã mais velha chata.
      — Ele é bonito — falei e lancei um olhar para ele. Ele ainda me encarava. — Quem é ele?
      — É sobrinho da vizinha do Junior — respondeu ela também olhando para o rapaz.
      Junior era o namorado dela, eles estavam juntos há muito tempo. Eu adorava ver os dois juntos, por mais que o Junior não fosse bonito fisicamente, eles formavam um belo casal. E gostavam muito um do outro.
      — Ele vai passar as férias aqui — continuou ela. — Quer que os apresente?
      — Quero — falei e nós caminhamos na direção dele.
      Ele voltou-se para minha irmã quando nos aproximamos. Ele colocou sua garrafa de cerveja na mesa e estendeu a mão direita para ela.
      — Oi Felipe, essa aqui é minha irmã, Rachel — falou ela.
      Ele pegou minha mão e a beijou. Eu amei isso. Achei muito fofo, de verdade.
      — É um prazer conhecê-la Rachel.
      Minha irmã nos deixou sozinhos, nós fomos até a rua, para que pudéssemos conversar mais à vontade. Nós falamos sobre nossas famílias, sobre nossas preferências e nossos gostos musicais — que eram bem diferentes, ele curtia sertanejo e eu rock.
      Nós ficamos pela primeira vez naquela noite. E depois no dia seguinte, e no outro e no terceiro dia nós saímos juntos para ir ao cinema. Nós ficamos novamente, várias vezes naquele dia, e por mais que eu quisesse continuar a vê-lo eu sabia que não poderia, em dois dias eu voltaria para casa e na semana seguinte ele voltaria para São Paulo.
      Eu estava disposta a fazer uma coisa para que os dois não esquecessem um do outro. Ele era sensível, gentil, experiente e eu me sentia preparada para dar esse passo. Era o que eu queria, e estava disposta a fazer.
      E de volta ao começo da historia: estava caminhando em direção a casa de Felipe, ele estaria sozinho em casa, seria o momento perfeito.
      Eu estava usando uma blusa vermelha de costas nua e uma mini saia jeans. Eu detestava usar saia, mas queria ficar um pouco mais provocante, e eu sabia que ele achava minhas pernas incrivelmente brancas lindas.
      Eu toquei a campanhinha da casa dele — ou melhor, da tia dele — e ele veio receber-me no portão alguns segundo depois. Ele não estava arrumado, estava com as roupas de casa, estava usando uma bermuda azul — jamais conseguirei esquecer essa cor — e uma camiseta branca. Ele me cumprimentou com um beijo.
      — O que você está fazendo aqui — perguntou ele, tentando não deixar a pergunta soar rude.
      — Só queria te ver — falei, tentando usar um tom sedutor.
      Ele abraçou minha cintura e nós entramos. Como eu imaginava não havia ninguém no local. Ele estava assistindo a um filme — cujo nome eu não me lembro, isso não me interessava naquele momento — Eu me sentei no sofá ao lado dele e apoiei a cabeça em seu ombro, ele apoiou a mão em minha barriga.
      Meu coração batia forte o bastante para eu me perguntar se ele poderia ouvir. Eu sabia o que eu queria e sabia que também o deixava excitado. Ele me beijou e eu passei a mão por seu pescoço.
      Ao termino do beijo, nós nos sentamos diante um do outro, nenhum dos dois falou uma palavra, nossos corpos se comunicavam, um ansiando pelo outro. Nós nos beijamos novamente, mais intensamente dessa vez. Os toques dele eram mais ousados agora. Ele tocava minhas pernas nuas, meus seios, meu pescoço. Era impossível resistir agora.
      Minha respiração estava um pouco ofegante e meu coração batia rápido demais. Meu corpo já estava começando a trabalhar, preparando-me para o que viria a seguir.
      Nós fomos para o quarto e nossos beijos tornaram-se ainda mais intensos. Nós nos despimos. Eu tinha a impressão de que tudo estava acontecendo rápido demais. Mas eu já fora longe o bastante para não poder voltar atrás. Estávamos tomados pelo desejo, não havia mais volta.
      Ele pegou uma camisinha em seu criado mudo e a colocou em seu membro ereto. Eu observei a tudo e depois ele deitou-se sobre meu corpo. Não havia mais volta, agora, não mais.
      — Se eu te machucar, você me avisa, ok? — falou ele suavemente.
      Eu concordei com a cabeça.
      Claro que ele sabia que eu era virgem, mas o que ele não sabia era que eu tinha apenas 14 anos. Sempre aparentei ser um pouco mais velha e sempre mentia minha idade ao conhecer um garoto.
      Ele penetrou-me. Não foi algo que eu realmente tenha gostado, na verdade eu não esperava que não gostasse. A dor não era tão intensa, lembrava a dor dos cortes que eu fazia em meu corpo, ardia um pouco, mas no fundo era uma dor aceitável.
      Eu lutava para manter minha respiração instável, não queria correr o risco de ser ouvida, afinal o meu cunhado morava na casa ao lado. Eu tentei não gritar, tentei não deixar nenhum gemido escapar. Eu fechei minhas mãos em punhos e deixei as unhas perfurarem a pele. Doeu, e isso me fez conseguir esquecer a outra dor.
      A sensação de êxtase ao final parecia ser o bastante para fazê-lo sentir-se realizado, para mim não foi o bastante, mas fora bom, mais do que eu imaginava, tirando a dor chata que não me incomodava tanto pelo fato de eu gostar da dor. Sangrou um pouco, mas não muito. Apenas o suficiente para deixar algumas gotas de sangue no cocha da cama.       
      Eu queria poder dizer que essa foi um das melhores experiências da minha vida, mas não foi bem assim. Ele não fora agressivo ou impetuoso, ele fora gentil e sensível o tempo todo, sempre se preocupando comigo. Acho que foi isso que fez eu me sentir atraída por ele. Mas não foi algo que eu realmente devesse ter feito.
      Fora uma sensação maravilhosa de prazer, mas eu me arrependera por ter me entregado a um cara por quem eu não sentisse nada além de atração física, mas agora isso não me importa mais. Isso me tornou mais forte e madura.
      Depois disso eu descobri como manipular as mentes masculinas e como usar meu corpo para seduzi-los e atraí-los para uma armadilha mortal. Eu ainda posso aparentar ser uma garota frágil e sensível, mas posso usar isso para fazer desses seres inferiores minhas vitimas. Eu descobri um prazer ainda maior que o sexo, isso é apenas um aperitivo para o que vem depois.
      Estou agora diante da casa de um garoto que acabei de conhecer na escola, ele sabe que vai conseguir transar comigo, o que não sabe é que isso terá um alto preço para ele depois. Eu cobrarei com sangue.
      Ele vem em minha direção alegremente, exibe um sorriso triunfante no rosto. Não posso deixar de sorrir ao imaginar a cena em que verei depois de senti-lo dentro de mim. Será prazeroso matá-lo.
      Nós vamos direto para o quarto. Eu tenho tudo o que preciso na bolsa que trago comigo: cordas, algemas, um chicote e uma lingerie de gata por baixo da roupa. Minha maquiagem está bem carregada nos olhos.
      — Deita — falo, sutilmente.
      Ele obedece e eu o algemo da cabeceira da cama. Eu tiro as roupas dele e em seguida as minhas. Será algo fácil e divertido. Eu tiro da bolsa o chicote e começo a marcar seu peito. Ele grita de dor e isso me deixa um pouco excitada. Será mais divertido ainda quando ele estiver gritando de dor em seus instantes finais.
      Nós transamos e após o primeiro orgasmo eu cravo uma adaga de prata em seu coração. Eu observo o sangue jorrar e delicio-me daquele momento. Mais uma vítima, apenas mais um garoto cuja mente fora influenciada.
      Eu deixo a casa e ao sair policiais me algemam. Fora bom ser livre para cometer delitos por um tempo, mas agora tudo isso acabara. Eu descobrira o sexo e a sensação maravilhosa de êxtase e usara o que os garotos sempre queriam contra eles, eu me vingara de alguns garotos superficiais e metidos a “gostosões” por todas as garotas que eles já haviam machucado por toda a dor que já haviam causado, agora eu poderia realmente descansar.
      Eu peguei um comprimido e o ingeri. Dentro de alguns minutos minha existência findaria. Mas ao menos eu mandara para o inferno alguns garotos que realmente mereciam viver lá.


Rita Cruz







2 Comentários:

Débora Rita disse...

ADOREI,Muito legal. sem mais.

Islα disse...

Muito Foda mesmo Rita... Adorei de mais!

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